O pior filme que já vi foi Cartas para Julieta
Cartas para Julieta reflete um bocado da visão americana do mundo. No filme, italianos são afetados, ingleses são abusados e americanos, bem... fazem a história acontecer.
De início, somos apresentados ao casal principal, Sophie (Amanda Seyfried) e Victor (Gael García Bernal), jovens e apaixonados que veem numa viagem à Italia a chance de ficarem mais próximos. Os lindos planos, contudo, escoam pelo ralo, já que Victor só pensa em fechar negócios e deixa a noiva de lado. Sentindo-se abandonada, Sophie começa a explorar sozinha a cidade de Verona a fim de procurar alguma boa história para escrever. E encontra.
Espécie de muro das lamentações para mulheres angustiadas, a casa de Julieta Capuleto (sim, aquela mesma do romance de Shakespeare) recebe diariamente bilhetes escritos à flor da pele com dúvidas amorosas de toda parte do mundo. É trabalho de quatro senhoras, autodenominadas Secretárias de Julieta, responder a todas essas “mulheres à beira de um ataque de nervos”.
É nesse lugar que Sophie encontra uma carta escrita há 50 anos, e decide respondê-la. A autora do bilhete, a inglesa Claire (Vanessa Redgrave), então aparece com o sobrinho Charlie (Christopher Egan) e, junto com Sophie, partem numa busca quase impossível.
Pronto. A partir daí tudo se torna previsível e clichê. O casal que se odeia para disfarçar a paixão, os personagens caricatos, as declarações de amor e as piadas com os estereótipos.
Surpreendente mesmo é ver como Gael García Bernal, costumeiramente bom ator, aparece tão forçado e artificial. Triste também constatar a veterana atriz Vanessa Redgrave, sempre ótima, num papel que a coloca em segundo plano o tempo todo.
Preocupado em terminar o filme de forma “feliz”, mas sem se importar muito em concluir as histórias, Cartas para Julieta acaba do modo mais lugar-comum de todos: um casamento. Praticamente uma novela das oito na telona.